quinta-feira, 24 de junho de 2010

Da Casa do Galo, site do meu colega de faculdade Diego Jock:


VOCÊ HOJE NÃO É AMANHÃ

Hoje vamos falar de fantasmas. O belo artigo da Milena Castino já abriu espaço para exorcizar o fantasma do desemprego, da falta de confiança em si mesmo e muitos outros. Este pretende afastar os fantasmas do passado e do futuro ou, pelo menos, entendê-los. Para tanto, vamos precisar de algumas ferramentas. Como sempre digo: se não dá pra ficar, nem correr, converse com o bicho.

Jean-Paul Sartre foi um dos caras que resolveu conversar com o bicho ou fantasma chamado existência. “Nasci para satisfazer a grande necessidade que eu tinha de mim mesmo” e “cada homem deve inventar o seu caminho”. Frases dele, que servem bem para que você possa começar a entender que o você de agora não é o você de amanhã.

Talvez o você-agora esteja preocupado em passar na facudade, arrumar um bom emprego, ser efetivado depois do estágio, mudar da casa dos pais ou alugar outro apartamento. Talvez o você-agora esteja querendo se casar, ter um filho ou terminar um longo relacionamento. Seja esta ou qualquer outra resposta, o você-agora está em uma encruzilhada, um ótimo lugar para encontrar fantasmas, demônios e outros bichos. Porém, uma encruzilhada na verdade é lugar nenhum porque estar é um estado de ser e estar em lugar nenhum é não-ser. Complicou, né?

No existencialismo, o mais importante é existir primeiro como pessoa e logo em seguida como essência (o ser puro, aquilo que realmente é você). Para isso,você precisa de dois tempos: a existência e o existir. A existência você já ganhou, na faixa, porque nasceu. O existir é mais embaixo. Vai depender do quanto você está presente no seu momento.

Em tempos difíceis de insatisfação pessoal a tendência da maioria é se abrigar em um passado de sucesso ou em um futuro promissor com toques paternalistas ou maternais. Se você é novo (tipo 18 anos) pode escolher voltar-se para os bons momentos da infância. Se está com uns 28 anos, vai pros 18 e se tem 40 como eu, pode cair no “tudo vai ficar bem”. Nesse vai-ou-já-fui é que o bicho pega porque você não está em lugar nenhum. Alguns chamam isso de “limbo“, um estado fora do tempo. Como não sou católico, eu chamo de estar sem ser.

A publicidade e a propaganda trabalham muito com este conceito, criando um mundo de fantasia de onde você precisa estar para poder ser. “Você precisa entrar na faculdade tal para ser o profissional tal que vai atingir o sucesso (aquele) no futuro que te aguarda” é um exemplo. Esta pressão imposta (pelo social e pela mídia em geral) acaba com a capacidade de escolha dos mais indecisos e projeta (imagem-ilusão) muita ansiedade. Mas você não é aquilo com o que trabalha. Você é mais.

Um exercício simples é perceber como você está em constante mudança. Seu corpo, seus pensamento, suas emoções executam pequenas e grandes ações o tempo todo. Até a passividade é uma ação porque trata-se de uma escolha (sua ou imposta). Preocupar-se (além da conta) com aonde você está hoje ou pensar aonde você esteve ontem é estar sem ser, é ficar na encruza.

Ok. Esta é a parte do texto onde eu deveria propor uma solução mágica, um mantra, uma palavra de fé. Nada disso. Sem powerpoint com monges ou frases tiradas de um curso de marketing. Prefiro considerar você como alguém criativo e inteligente que vai sair desta pelo caminho do meio, inventar a sua própria estrada e perceber que quando você descobri quem é vai deixar de pensar quem foi ou o que pode vir a ser. Este artigo é apenas um aperitivo para você ir atrás e sempre em frente.

Ser é estar presente. Confie em você e seja você hoje, amanhã e sempre. Até a próxima!

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Bacana.

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